Triângulos – primeiro single que FLORA disponibiliza do seu álbum de estreia – é carnal, é sagrado feminino, é não-binário também. E a cantora e compositora sabe dar seu recado com leveza. “Eu queria que o amor falasse do amor, que o desejo falasse do desejo. Deixar pulsar essa subjetividade sem nenhum tipo de repressão do afeto. Se dispor, se despir e lutar”, afirma.
“O coração a gente vê depois. Se você tiver vontade eu quero”, diz o refrão que se repete muitas e muitas vezes na cabeça já após a primeira audição. Produzido por Wado, “Triângulos” chega nesta quinta-feira (31), nos aplicativos de música através da LAB 344, acompanhado por clipe dirigido por Letícia Pires. Nas cenas, referências do neoconcretismo, da fotografia surrealista e do contemporâneo.
Um filtro de cristal foi usado na lente como uma forma de simular fotografias analógicas em baixa exposição. “O trabalho de cor também foi pensado sob uma perspectiva analógica, não pela estética em si, mas para buscar ao máximo uma materialidade na imagem. Uma textura, algo que me desse a sensação de que eu posso tocar, de que em determinado momento eu poderia arrancar o filme da projeção e pegar com as mãos, diminuir minha angústia pelo mundo imaterial da imagem e aproximar do corpo”, explica FLORA.
A cantora conta que a imagem dos triângulos invertidos é uma alusão mesmo ao órgão feminino como potência. “Procurei usar a geometria como uma metáfora da consciência e da razão em contraste com a minha languidez passional que traz os fluidos e o vermelho-sangue como pulsão de vida. Há um momento em que eu costuro, eu remendo em que quero dizer: eu construo, eu aguento” , detalha.
FLORA é artista na essência. Daquelas que gostam de roçar na sensação com a pele. Artista bicho, que valoriza o toque, o olhar, o que cada movimento tem a dizer. Filha de artistas plásticos, cresceu num ateliê de pintura, estudou teatro e cursa História da Arte. FLORA canta suave, traz uma poesia bonita e de fácil entendimento. Contra o patriarcado, é uma defensora do jogo do afeto e do amor. Seu sotaque alagoano é um charme. Foi em Maceió que ela cresceu, apesar de ter nascido no Rio de Janeiro.
Por lá, viveu um dos momentos mais especiais da vida: abriu o show “Vidas para contar” de Djavan. Seu primeiro álbum completo vai chegar nos próximos meses, mas “Triângulos” já é uma grata amostra do que FLORA tem para somar com seu talento.
Veja “Triângulos”: