Dor Crônica e Público LGBT+ – Um Olhar Sobre o Sofrimento Físico, Mental e Emocional, na visão do Dr. Luiz Severo

No Brasil, mais de 70 milhões de pessoas sofrem de dor crônica, incluindo condições como enxaqueca, fibromialgia, dor lombar e dores articulares. No entanto, a experiência de dor entre pessoas LGBT+ — especialmente entre mulheres trans — apresenta desafios únicos e sub-reconhecidos. Segundo o Dr. Luiz Severo Bem Junior, neurocirurgião e especialista em medicina da dor, a compreensão da dor crônica passa por aspectos não só biológicos, mas também psicológicos e sociais, sendo a discriminação um fator agravante para essa população. 

Para mulheres trans, a dor crônica pode ser influenciada por múltiplos fatores. Procedimentos cirúrgicos, como a redesignação sexual, podem resultar em dores persistentes, enquanto a terapia hormonal pode gerar novos desconfortos, afetando a qualidade de vida a longo prazo. A discriminação e o estigma social também agravam a experiência de dor ao aumentar os níveis de ansiedade e depressão, que potencializam a sensação de dor. Esse impacto emocional, combinado com fatores fisiológicos, torna o tratamento da dor crônica em mulheres trans ainda mais complexo e urgente. 

Outro aspecto importante é o acesso limitado a cuidados de saúde adequados. Muitos profissionais de saúde carecem de formação específica sobre as necessidades do público trans, o que resulta em diagnósticos inadequados ou tratamentos insensíveis. Esse déficit de atendimento adequado é um obstáculo significativo para que pessoas trans recebam um alívio eficaz da dor crônica, reforçando a necessidade de um ambiente de saúde mais inclusivo e capacitado. 

Na visão do Dr. Luiz Severo Bem Junior, práticas de autocuidado e o apoio de redes de acolhimento podem fazer a diferença para essas pessoas. Estratégias como yoga, meditação e técnicas de relaxamento têm mostrado benefícios no alívio da dor crônica e na melhora do bem-estar geral. Além disso, é essencial ampliar a conscientização e a pesquisa sobre as questões de dor em pessoas LGBT+, promovendo uma abordagem mais humana e eficaz, e assegurando que todas as pessoas tenham acesso ao tratamento que respeite sua identidade e necessidades específicas. 

O Dr. Luiz Severo enfatiza que a empatia, a formação e a pesquisa são fundamentais para melhorar a qualidade de vida de pessoas trans com dor crônica. É imprescindível que os profissionais de saúde desenvolvam sensibilidade para compreender as particularidades desse grupo, integrando apoio psicológico, práticas de autocuidado e uma abordagem multidisciplinar para fornecer um cuidado completo e inclusivo. Essa abordagem é também detalhada em seu livro Você Não Precisa Sentir Dor, lançado recentemente na Bienal de São Paulo, que busca servir como um manual prático para pacientes que sofrem de dor ou desejam prevenir seu surgimento.

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