A população LGBTQIA+ é um dos grupos que mais sofre com danos à saúde mental causados pelo preconceito. Esta discriminação à orientação sexual e identidade de gênero aumentam tendências à depressão e ansiedade e esses transtornos, quando não tratados, podem dar origem as ideias suicidas. Também podem desenvolver estresse pós-traumático por conta de tantas violências vividas.
A luta da pessoa LGBTQIA+ começa quando ela entende que não pertence ao grupo da “normalidade”, o que traz um sentimento de inadequação e neste momento a escolha de continuar “no armário”, ou sair dele exigirá muito de sua saúde mental e emocional. Segundo estudo realizado pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, a falta de suporte de familiares e amigos aumenta o risco de depressão e ansiedade desse grupo.
A violência e os conflitos relacionados a aceitação familiar e social causam uma confusão emocional angustiante. A maioria das pessoas LGBTQIA+ sofrem com este conflito interno desde muito cedo, tentando ser alguém que “não se é”, se escondendo de si mesmo, procurando se blindar, pois sua orientação sexual ou identidade de gênero pode ser o motivo de bullying na escola, pode gerar conflitos em famílias muito conservadoras ou religiosas. Este preconceito pode ser o empecilho na hora de fazer amizades ou ainda na hora de conseguir um emprego, além de constantemente precisarem conviver com o ódio contra eles.
Passar anos de uma vida tentando ser alguém que “não se é” tem consequências emocionais sérias e que podem causar transtornos de ansiedade e depressão. Em casos mais graves, o risco de suicídio é alto, pois o indivíduo não consegue enxergar uma saída.
O Brasil é o país com maior incidência de assassinatos de pessoas trans e um dos países com maior registro de assassinatos motivados por homofobia. Essa é a ponta do iceberg: na base que sustenta e autoriza o assassinato motivado por ódio estão muitos outros casos cotidianos de violência física, moral e psicológica. Eles não costumam ser formalmente denunciados, porém são reportados com frequência aos ouvidos dos profissionais de saúde que demonstram empatia.
A LGBTfobia é um problema que mata e adoece, ela provoca consequências graves por todo o mundo. Na Irlanda, por exemplo, um estudo da University College Cork mostrou que 40% dos homossexuais adolescentes pensaram ou tentaram cometer suicídio em algum momento da vida. A maioria dos jovens LGBT que cometem suicídio deixam registros que foi pela incompreensão da família ou dos colegas de escola. Assim sem apoio familiar ou institucional acabam cometendo este ato.
Em nossa sociedade, medidas como a “cura gay” podem agravar a LGBTfobia. A terapia de “reversão sexual” foi possibilitada em setembro de 2017 por decisão judicial. O tratamento estava proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999.
A história recente sobre a maneira como a homossexualidade vem sendo encarada no mundo ocidental é capaz de revelar como a questão é complexa e encerra diversos problemas. A título de ilustração, na década de 60, quando a homossexualidade era considerada doença pela Organização Mundial da Saúde – OMS, que classificou a homossexualidade como transtorno mental por mais de 40 anos e apenas em maio de 1990 sua Assembleia Geral declarou que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”., as terapias de reversão sexual utilizavam choques, torturas físicas e psicológicas. Hoje, é comum que os principais defensores das terapias de reorientação sexual sejam respaldados por psicólogos ligados às igrejas evangélicas conservadoras, buscando muitas vezes tratamentos com base na fé.
Em 17 de maio de 1990, a homossexualidade foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). A data se tornou o Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Essa nova postura passou a valer como premissa para os países-membros das Nações Unidas somente em 1993, encerrando um ciclo de quase 2 mil anos nos quais a homossexualidade foi tida, primeiro, como pecado, depois, como crime e, por último, como doença.
Seja qual for a época e a escolha terapêutica, em vez de dignidade, o paciente encontrará mais dor e sofrimento. A promessa de curar o que não é doença geralmente serve para o surgimento de doenças reais – como a depressão –, resultando em situações de ainda mais desespero, que incluem tentativas de suicídio, uso de drogas e o isolamento social.
Hoje, sabemos que estresse sofrido de forma crônica, em decorrência de uma vida inteira de não-aceitação, rejeição, discriminação, estigma e violência, contribuem para que essa população tenha risco aumentado em sua saúde física e mental em relação ao restante das pessoas.
Fique atento aos sintomas de ansiedade e depressão:
Sintomas do transtorno de ansiedade:
- Fadiga;
- Tensão muscular;
- Palpitação;
- Suor excessivo;
- Sensação de falta de ar ou asfixia;
- Dor de cabeça;
- Disfunção sexual;
- Disfunção gastrointestinal;
- Medos excessivos;
- Compulsão alimentar;
- Perda de memória;
- Insônia;
- Dificuldade de concentração;
- Irritabilidade;
- Inquietação.
Sintomas de depressão:
- Humor triste, ansioso ou “vazio” persistente;
- Sentimentos de desesperança, luto ou pessimismo;
- Irritabilidade;
- Sentimentos de culpa, inutilidade ou desamparo;
- Perda de interesse ou prazer pela vida, hobbies e atividades;
- Diminuição da energia ou fadiga;
- Mover ou falar mais devagar;
- Sentir-se inquieto ou ter problemas para ficar sentado;
- Dificuldade de concentração, lembrança ou tomada de decisões;
- Dificuldade para dormir, despertar de manhã cedo ou dormir demais;
- Apetite e/ou alterações de peso;
- Pensamentos de morte ou suicídio, ou tentativas de suicídio;
- Dores, dores de cabeça, cólicas ou problemas digestivos sem uma causa física clara e/ou que não se aliviam mesmo com o tratamento.
Como vimos, além do preconceito, a violência promovida por ódio, o abandono real ou simbólico da família e a dificuldade do acesso à educação e trabalho, produzem ainda mais sofrimento e estigmatizações para as pessoas LGBTQIA+.
Nesse sentido, para a hipnoterapia, o que importa não é enquadrar o sujeito em um grupo, mas ajudá-lo a achar sentido, significado, para as suas experiências de vida. Como o preconceito internalizado no próprio indivíduo se traduz, muitas vezes, em adoecimento, o que se faz é justamente desconstruir a ideia de normalidade e ajudá-lo a lidar com todas as consequências trazidas pelo contato desse indivíduo com o mundo externo e com seus próprios modelos, ressignificando todos os momentos traumáticos vividos.
Primeiramente, é realizada uma avaliação completa, que envolve compreender seu contexto familiar e social, suas perspectivas, comportamentos e medos. Depois existe o processo para aceitar a si mesmo e aprender a se amar, que não é simples para todos. Depois, vem o fortalecimento da mente para blindá-la contra os ataques de um mundo que ainda carrega muitos estigmas e preconceitos, desenvolvendo estratégias assertivas de enfrentamento às adversidades. Desta forma ele terá condições de ter uma vida saudável e ser feliz consigo mesmo.
No meu entendimento, o que precisamos quanto sociedade é da cura da LGBTfobia, porque preconceito e discriminação é que são males e agravos à saúde da humanidade.
Caso você esteja se sentindo perdido, confuso ou precisando de ajuda, conte comigo!
Débora Diniz – Hipnoterapeuta
@deboradinizoficial – Instagram
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