Um celular, uma noite trivial, uma pequena ideia. Foi assim que um linguista derrubou uma imensidão de grupos bolsonaristas e expôs a dissonância cognitiva desse grupo da maneira mais escancarada e bem-humorada que poderia haver.
Não deve haver nenhum brasileiro que não chegou a ouvir os nomes Benjamin Arrola, Kukuri Oso, Jhalim Habbey ou outros tantos envolvidos em notícias falsas criadas propositalmente e disseminadas a rodo nas redes sociais. Essa torrente de combate digital com humor se deve a um linguista paranaense, o professor Pablo Jamilk.
Jamilk conta que estava irritado com tantas notícias falsas disseminadas por grupos de extrema-direita, as quais chegaram a contaminar pessoas de sua própria família. Factoides evidentemente ridículos eram elevados ao status de verdade em razão de afagarem o ego do grupo que defendia o ex-presidente, Jair Bolsonaro.
Foi aí que resolveu empregar seus estudos em Linguística Cognitiva (seu campo de pesquisa) e engendrou um experimento: criaria nomes cacofônicos, claramente impossíveis, utilizando fotos retiradas da própria Internet (de celebridades ou de bancos de imagem livres), para fundamentar notícias urgentes sem pé nem cabeça, mas que fossem na mesma direção que o público bolsonarista gostaria. Após as imagens montadas com os textos, publicava nas redes sociais e em grupos de Telegram para registrar os resultados.
Milhares de compartilhamentos, pessoas explodindo de felicidade. Vencemos! Vencemos! É isso mesmo! No dia seguinte, publicava um vídeo, mostrando como ele produzia as notícias falsas para registrar a reação das mesmas pessoas.
Aí começava o barulho: gente xingando, dizendo que isso era um desserviço ao país, fanáticos fazendo ameaças, grupos revoltados, com membros dizendo que não acreditavam em mais nada – o que culminava com uma evasão em massa e um esvaziamento da força dos grupos.
“Eu usei a tática de métrica da dissonância cognitiva: queria ver até que ponto essas pessoas acreditavam em mensagens claramente falsas, sem qualquer base ou mesmo sem qualquer pesquisa, apenas para aplacar seus sistemas límbicos, com a ideia de que seus anseios estavam se tornando realidade” – conta Pablo durante uma entrevista.
A ideia, que começou pontual, se amplificou e muitas pessoas começaram a usar da mesma estratégia, a fim de minar os centros de produção de fake News nos grupos de telecomunicação. Muitos nomes cacofônicos surgiram, muitas notícias inverossímeis foram produzidas. “A ideia era usar dos mesmos recursos que adotaram para fazê-los perceber o quão enganados estavam” – emenda o linguista.
Veja o vídeo de como o professor criou as mensagens que confundiu os radicais Bolsonaristas:
@pablojamilk Como enganar o gado! #eleições #fakenews #bolsonaro
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Foto: Renata Abegg