Entrevista com Dr. Cesar Cimonari, Neurocirurgião especialista em tratamento de doenças do cérebro, coluna e dor

A dor lombar, que também é chamada de lombalgia, localizada na parte mais baixa da coluna, pode comprometer o bem-estar e o rendimento das atividades de pessoas que são acometidas pela patologia.

Para falar um pouco sobre esse assunto, o jornalista Jairo Rodrigues conversou com o doutor Cesar Cimonari, que é neurocirurgião especialista em tratamento de doenças do cérebro, coluna e dor.

“A causa mais comum é também a mais benigna, relacionada à sobrecarga e à inflamação muscular. Outra causa bastante frequente tem a ver com as doenças degenerativas da coluna, em especial as hérnias de disco e a estenose do canal vertebral. Nos pacientes mais idosos, também não podemos esquecer as causas relacionadas com a osteoporose, principalmente se houver fraturas associadas”, explica o especialista.

Jairo Rodrigues: Dr. o que fazer para aliviar a dor lombar?
Dr. Cesar Cimonari: Para a grande maioria das pessoas a realização de fisioterapia, atividade fisica regular e o uso de analgesicos simples, costumam ser suficientes para melhorar. Quando a dor já é um pouco mais prolongada bolsas de agua morna, massagens e acupuntura também são uma boa pedida.
Mas há uma parte dos pacientes em que mesmo com todas essas medidas não ocorre melhora, nesses casos é essencial o atendimento médico por um especialista em coluna e dor lombar.

Jairo Rodrigues: A dor lombar pode ser sintoma de alguma doença?
Dr. Cesar Cimonari: As doenças mais comuns que se podem se apresentar com dor lombar tem a ver com a estrutura da coluna. Estamos falando de hérnias de disco, artrose das articulações da coluna, estenose do canal vertebral. Nesses casos, pensamos numa dor que se prolonga sem melhora com o tratamento convencional após alguns dias ou semanas.

Jairo Rodrigues: Existe outros sinais?
Dr. Cesar Cimonari: Outros sinais que chamam atenção envolvem a irradiação da dor para as pernas, em especial se for até o pé; paralisia ou perda de movimento para caminhar; dificuldade para controlar a urina ou as fezes; perda de sensibilidade nas costas, virilha ou pernas.

“Algumas outras doenças menos comuns como cancer, mieloma multiplo e infecções da coluna tambem podem começar com dor na regiao das costas. Uma boa escolha para avaliar a presença dessas doenças é a ressonância magnética.”, afirma o cirurgião.

Jairo Rodrigues: Em que casos é necessário cirurgia?
Dr. Cesar Cimonari: Nos casos em que o paciente apresenta alguma deformidade da coluna pela degeneração, ou então quando tem sintomas neurológicos, como perda dos movimentos das pernas, sempre é necessário cirurgia. Quando temos alguma outra doença como tumores, infeções e fraturas, a maioria das vezes a cirurgia também é necessária.

Jairo Rodrigues: E o que fazer em outros casos
Dr. Cesar Cimonari: Para o restante dos casos, em especial quando pensamos na dor lombar isolada ou na dor que vem junto com a ciática, podemos tentar o tratamento conservador, e reservamos o tratamento cirurgico para os casos em que não há melhora, ou quando os exames de imagem mostram alguma compressão importante na coluna.

O especialista explica ainda que as cirurgias podem ser menos invasivas ou dependendo dos casos, cirurgias mais complexas.

“As cirurgias podem ir de minimamente invasivas como os bloqueios e a endoscopia de coluna, até alguns casos em que são necessárias cirurgias maiores como a colocação de pinos e parafusos. Com o avanço das técnicas e tecnologias, estes tratamentos estão cada vez mais seguros e eficazes. É sempre é importante lembrar que mesmo nos casos que precisam de cirurgia, a reabilitação é essencial, e em algumas situações, recomendo para os meus pacientes realizarem antes, durante e após a internação da cirurgia para ter o melhor resultado possível.”, explica

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial têm, teve ou terá um desconforto (ou dor) na região lombar durante sua vida, e trata-se da 3ª causa de aposentadoria por invalidez.

Dr. Cesar Cimonari é Formado pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização em neurocirurgia pela Faculdade de Medicina da USP. Fez estágios internacionais em neuro-oncologia na University of California UCSF (Estados Unidos) e neurocirurgia geral com enfoque em neuro-oncologia no BIDMC Hospital da Harvard Medical School (Estados Unidos). Possui título de Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e atualmente atua também como professor de Medicina na Universidade Nove de Julho.

*Por Jairo Rodrigues