Escritores independentes, como Felippe Aragão, autor de Meu Amigo Homem, ganham força no mercado de livros durante a pandemia

Felippe lançou seu livro de maneira totalmente independente em 2018 e vendeu 35 mil cópias mesmo sendo conhecido apenas no mundo virtual

Autores independentes, que lançam obras sem depender de grandes editoras, têm usado as redes sociais para captar novos leitores, até porque o acesso e o tempo de permanência nas redes sociais aumentaram durante a pandemia, conforme mostram dados da consultoria Kantar: em 2020, o tempo de uso do WhatsApp, do Facebook e do Instagram aumentou 40%. Isso em um país que já passava bastante tempo conectado, segundo pesquisa da GlobalWebIndex referente a 2019, que revelou que os brasileiros são a segunda população que mais passa tempo nas redes sociais, com 225 minutos diários. Perdem apenas para os filipinos, que têm uma média diária de 241 minutos.

O Influencer Felippe Aragão, criador do perfil no Instagram Meu Amigo Homem, sentiu essa diferença. Ele criou o perfil em 2018 e no mesmo ano lançou um livro que leva o mesmo nome da página. Foram mais de 35 mil cópias vendidas, sendo 20 mil delas comercializadas desde 2020, durante a pandemia, um aumento de 33% durante o período. “O público leitor do Brasil é o melhor que existe. É um público carente de boas leituras. E boas leituras não são o que um crítico diz que é bom, mas sim algo que resolva o problema daquela pessoa. Não adianta nada trazer e traduzir livros de outros países com realidades e culturas que não nos pertencem”, revela Aragão.

O mercado de livros no País cresceu no primeiro semestre deste ano, com 28 milhões de obras vendidas. No mesmo período do ano passado, o volume foi de 18,9 milhões. Isso representa 48,5% a mais. O faturamento também subiu: passou de R$846,2 milhões em 2020 para R$1,19 bilhão em 2021, um aumento de 39,9%. Os dados são da Nielsen BookScan e foram divulgados pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) em agosto. Se olharmos para o cenário como um todo, incluindo escritores independentes, o crescimento é ainda melhor. A Bookwire divulgou um relatório sobre o impacto da Covid-19 e do lockdown nas vendas de livros digitais no Brasil.

O resultado mostrou que em 2020 foram comprados 83% mais ebooks que em 2019, num aumento de 4,6 milhões para 8,4 milhões de unidades vendidas. Nesse bolo estão obras como a de Felipe Aragão, que considera o mercado brasileiro promissor. “Temos poucos leitores por falta de escritores que resolvam problemas destes milhões de leitores, não há uma cultura de escritores. Como sei disso? Pelas milhares de pessoas que tiveram meu livro como a primeira fonte de leitura delas, falando orgulhosamente sobre esta primeira vez. Então para mim o mercado brasileiro tem possibilidade de expansão astronômica e só vai aumentar. O que faltam são escritores aptos para explorar este potencial”.

O livro Meu Amigo Homem organiza o conteúdo da página do Instagram, que aborda comportamentos típicos do que o autor chama de embustes, que são homens desonestos e desrespeitosos com as parceiras. A obra foi escrita por acaso, após pedidos de seguidores.

“Lançar o meu livro foi algo inusitado e inesperado. Primeiro por eu nunca ter feito nada parecido e, segundo, pela forma que tudo isso aconteceu. Como eu falava bastante sobre relacionamentos no meu perfil, comecei a receber pedidos de diversas pessoas para que eu escrevesse um livro com todas as dicas e ensinamentos. Tudo isso foi muito rápido e natural, pois em 7 de setembro de 2018 abri o perfil e já no final deste mesmo mês comecei a escrever meu livro em decorrência de dezenas de pedidos. Ele foi lançado em 26 de novembro de 2018”, conta o escritor.

Ele fez tudo sozinho, desde a elaboração do texto, até a formatação e a estratégia de venda. “Tive muita expectativa para o lançamento e confesso que vendeu menos do que eu esperava nos primeiros dias, mas hoje, olhando para trás, vejo que tudo valeu a pena”. O livro já ganhou uma versão em espanhol e deverá ter outras em inglês e francês. Para Felippe, as atuais mudanças são um ensinamento para as editoras, que devem olhar para iniciantes como ele. “Se as grandes editoras enxergassem o que acontece no mundo virtual, com certeza eu estaria estampado como um Best-Seller nacional. Acho inclusive que deveria existir uma lista de best-sellers independentes, pois há muitos sucessos sendo vendidos apenas no mundo digital e não são conhecidos das pessoas fora dele”.

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