Criou-se entre nós, a ideia de que matemática é difícil, complicada e para poucos. Será? Claro que não. Façamos um exercício simples: ao longo de um dia, observe quantas vezes você usa as quatro funções básicas da matemática (adição, subtração, multiplicação e divisão), consciente ou inconscientemente. Não dá para contar.
Pois, na direção de um negócio, a aplicação da matemática não é uma ação inconsciente, é necessária. Saber fazer contas é tão importante quanto o capital de giro. Aliás, não saber fazer contas pode acabar com o capital de giro e, talvez, arruinar o negócio.
Quanto mais consciente dos números da empresa, bons ou ruins, maiores as possibilidades que o empreendedor tem para decidir certo ou menos errado. E quanto piores os números, mais o empresário deve conhecê-los. Mas, além de conhecer números, ele também precisa conhecer os conceitos. Margem não é lucro. Lucro não é pró-labore.
Como precificar? Como tratar impostos? Como analisar crédito de clientes? Como separar as contas pessoais das contas da empresa? Como olhar o balanço patrimonial da empresa?
Dívida é ruim? Não necessariamente. Se a dívida contraída foi para crescimento da empresa, se os juros pagos são inferiores à taxa de retorno e, por fim, se o prazo para amortização da dívida for compatível ao tempo de retorno do investimento, nada de errado, pelo contrário.
Qual a capacidade de endividamento da empresa? Ela tem fôlego para crescer com as próprias pernas, ou precisará de investimentos de terceiros? Qual é sua capacidade de gerar caixa? É hora de crescer? Como construir e entender o fluxo de caixa da empresa?
Onde e como aplicar sobras de caixa? Em estoque? Mercado financeiro? Onde e como? O empreendedor não precisa ser especialista em todos esses temas, porém, entendê-los é dever de ofício, independente do seu tamanho. Aqui é bom deixar bem claro que, qualquer empresário, do muito pequeno ao grande, precisa conhecer estes conceitos.
Ressalte-se que, intuitivamente, a maioria já conhece, mas é necessário colocar, tecnicamente, cada conhecimento no lugar certo e criar instrumentos de análise e crítica para o processo decisório. Desmistificar a matemática e as finanças é o primeiro passo para empreender, sem isso, é o mesmo que pilotar um Boeing, a dez metros do chão e sem instrumentos de bordo. Boa sorte.
Autoras: Vera Araújo e Soraia Mendonça sócias, mentoras ( empresarial), contadoras e treinadoras.