O número de seguidores não deve interferir na escolha do profissional de saúde, alerta o Dr. Paulo Antonioli
Segundo o odontologista o perfil do profissional nas redes pode, e deve, ser analisado, porém não tem que ser o único critério de avaliação
Antes e depois desejáveis, conteúdo frequente e fotos com celebridades. Quando o assunto é escolher profissionais para tratamentos estéticos, as redes sociais se tornaram um grande portfólio. O problema é quando o marketing da rede social se sobrepõe a aspectos como especializações e experiência — o não faltam são exemplos de profissionais a quem sobrou “fama” e faltou profissionalismo, como é o caso do “Doutor Bumbum”, preso acusado de negligência após a morte de uma paciente em 2018.
Com público de mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, o dentista Dr. Paulo Antonioli é especialista em odontologia estética e defende que a rede social não deve ser a única forma de um paciente avaliar o trabalho de um profissional da saúde. “Pode ser uma das alternativas, porém é sempre importante lembrar que por maior que seja o número de celebridades atendidas naquele perfil, há marketing envolvido, ou seja, nem sempre número pode significar competência. Por muitas vezes tenho recebido pacientes, que vêm de outras clínicas dentistas que são consagradas em redes sociais, mas que pecam em atendimento”, relata.
Para não cair em armadilhas, o odontologista alerta que é necessário pesquisar a formação, registro profissional no órgão competente, pacientes que já foram atendidos e resultados do especialista. “É importante observar ainda se o atendimento é o mesmo vendido por meio das redes e se o profissional que aparece nas fotos é o mesmo que está te atendendo. Na minha clínica, por exemplo, todos os casos de lentes de contato dental são feitos por mim, pois o marketing é sobre a minha figura. Obviamente há outros profissionais capacitados na clínica, que dão suporte em outros procedimentos, mas que não os principais nas redes”, pontua.
Apesar do alto número de seguidores, atualmente 90% dos pacientes do odontologista vêm de indicações. Para o Dr. Paulo Antonioli, entretanto, o uso de redes sociais por profissionais de saúde não deve ser encarado como algo negativo. “É um facilitador, um plus. Por meio delas você consegue conectar o profissional e pacientes de uma forma mais fácil, dinâmica e verdadeira, porque consegue mostrar o que você faz e os resultados”, diz.
É preciso também que haja honestidade no marketing. Aumentar, omitir e mudar resultados não é permitido, bem como pode causar frustração ao paciente, que ao chegar no consultório se depara com outra realidade. “Isso é problemático porque o paciente pode acabar escolhendo o profissional pelo resultado que ali vê e não por quem o profissional atende. Pesquise o nome dele, veja se outras pessoas estão satisfeitas ou não e se o que ele entrega pessoalmente é o mesmo do virtual”, aponta.
Caso o paciente se identifique com um profissional e este trabalhe de maneira ética, tanto no virtual quanto no presencial, há 90% de chances do tratamento ser bem sucedido. “Antes mesmo de ir ao consultório a pessoa já consegue se conectar ao profissional, a metodologia de trabalho dele e afins. Ter uma rede social é equivalente a ter um site na época em que só existiam os buscadores. São ferramentas maravilhosas para quem sabe utilizar o recurso para atrair o público certo, sempre com responsabilidade”, diz.