Indiscutivelmente, o desenvolvimento de fotoprotetores com pigmento se apresenta como uma revolução na vida da mulher moderna. Defendido por ser o único dermocosmético que protege contra a luz visível, o protetor solar com cor tem como principal ingrediente ativo o óxido de ferro. É ele que proporciona a cor e combina cosmeticamente com o tom natural da pele, trazendo uma aparência estética agradável. Mas você conhece os seus danos na pele? Vamos entender um pouco mais.
Pioneiro na teoria de que os fotoprotetores coloridos mancham mais a pele do que protegem, o Dr. Rodrigo Lucarini vem se destacando como uma referência mundial no tratamento de transtornos da pigmentação. “Sempre gostei de desafios, e quando percebi que um dos maiores enigmas na dermatologia é o tratamento do melasma, nasceu minha paixão por esse tema”, afirma.
Desde 2012, o Dr. Lucarini tem estudado e analisado clinicamente pacientes com hiperpigmentação. Em 2023, durante o 6º Congresso Brasileiro de Harmonização Orofacial da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais – SBTI, ele apresentou com ineditismo seu primeiro estudo: Protetores solares coloridos: uma alternativa eficaz ou vilão no tratamento do melasma?
Em junho de 2024, em Bogotá, durante o I Congresso da Sociedade Internacional de Melasma e Outros Transtornos Pigmentares, o Dr. Lucarini compartilhou sua descoberta com profissionais de diversas partes do mundo.
“Por muito tempo fiquei intrigado com o mecanismo de ação pelo qual o protetor solar com pigmento acentuava mais as manchas na pele. Meus resultados indicavam que apenas a suspensão do uso e a substituição por um filtro sem cor já traziam melhorias. Isso me motivou a investigar profundamente o enigma”, explica.
Eis a resposta para essa intrigante questão: a pele exposta ao sol (radiação ultravioleta – UV) ou à poluição aumenta a formação de peróxido de hidrogênio (H₂O₂), o que pode desencadear a reação de Fenton nas células cutâneas. Essa reação ocorre porque o H₂O₂ reage com íons metálicos presentes nas células, gerando radicais livres altamente reativos, como o radical hidroxila (•OH). Esse radical é capaz de oxidar rapidamente materiais orgânicos.
Na biologia e na dermatologia, a reação de Fenton é relevante porque o peróxido de hidrogênio, quando combinado com o íon ferro, promove uma produção descontrolada de radicais livres (ou estresse oxidativo). Isso estimula os melanócitos a produzir ainda mais melanina como forma de defesa. Na pele, esses radicais livres podem causar danos significativos às células e ao DNA, acelerando o envelhecimento, provocando inflamações, causando manchas e até contribuindo para o desenvolvimento de doenças como o câncer de pele.
Um ponto importante é que o melanócito, por sua origem ectodérmica, age mais como uma célula de defesa do que como uma célula especializada na produção de melanina. Isso explica por que, sempre que a pele sofre uma agressão — seja física (como radiação solar, microagulhamento, jato de plasma ou lasers) ou química (ácidos ou cosméticos sem indicação) —, as manchas se acentuam.
Entretanto, uma forma inteligente de cuidar e proteger a pele é utilizando antioxidantes externos, presentes em produtos de cuidado da pele, como vitamina C, vitamina E, resveratrol e niacinamida. Esses compostos ajudam a neutralizar o excesso de H₂O₂ e outros radicais livres, protegendo contra o estresse oxidativo e seus efeitos prejudiciais.
Segundo o Dr. Rodrigo Lucarini, seus resultados são únicos e reforçam sua teoria de que o protetor solar com pigmento realmente mancha a pele. “Contra resultados, não há argumentos”, conclui.