Nascida em São Paulo, formada em Letras, Adelaide Oliveira, trabalhou na iniciativa privada, foi corretora de imóveis e, ainda jovem, se engajou na luta pelas Diretas Já.
Em 2014 entrou para o Movimento Vem pra Rua (coordenou as cidades), foi líder, porta voz e participou diretamente das manifestações pelo impeachment de Dilma Roussef, em apoio à Lava Jato e contra a corrupção.
Em 2020 entrou para o MBL e foi candidata a vice-prefeita na chapa com Arthur do Val, com mais 552 mil votos. Atualmente disputa ao cargo de Deputada Federal pelo Podemos. Suas plataformas são conquista da moradia e combate à corrupção.
Adelaide defende o direito da mulher na política e afirma que não basta estar na política mas também entender a política.
“Todos os dias (principalmente em época de campanha eleitoral) ouvimos sobre a importância da presença das mulheres na política, em ‘empoderamento feminino’, ‘lugar de fala’ e vários outros argumentos retóricos usados na construção de um discurso fácil de dizer e politicamente bastante correto. Mas não basta estar na política. É preciso que cada uma de nós entenda o que significa ser mulher e estar na política. Porque mulheres têm características únicas de entrega, de visão cuidadosa, de esperança e, acima de tudo de futuro”, afirma Adelaide.
Adelaide afirma ainda que a mulher precisa ser valorizada e reconhecida.
“Política é a construção de um futuro melhor. Mais seguro, mais viável e mais feliz. A quem cabe gestar? Nutrir? Onde a vida se forma? Na mulher. O futuro vem da mulher. O futuro nasce de nós e é uma força presente em cada menina que sonha com um futuro cheio de conquistas. Uma força que precisa ser valorizada e reconhecida. Na política ainda somos minoria, e talvez por isso a credibilidade dos políticos neste país seja tão pouca”.
Uma das inspirações da profissional de Letras e candidata a deputada federal vem de mulheres como Zilda Arns e Ruth Cardoso.
“Penso na menina que fui e na mulher que sou. O caminho até aqui foi longo, difícil e maravilhoso; e muitas mulheres me inspiraram. Temos uma história de mulheres inspiradoras a nos mostrar que é possível aliar delicadeza e firmeza. No Brasil, duas mulheres me agradam especialmente: Zilda Arns e Ruth Cardoso. Desde adolescente observava de longe o trabalho de Zilda (médica e fundadora da Pastoral da Criança), por sua doação e bondade, calcando suas ações em dados e evidências de médica que era, mas que conseguia atingir o público através de seu lado missionário. Católica (irmã de Dom Paulo Evaristo Arns), ela sempre valorizou a ciência e se comunicava através dos ensinamentos do Evangelho. Assim, ajudou a tirar milhares de crianças da desnutrição e salvou, com certeza, milhares de vidas. Ruth Cardoso (ex-primeira-dama, antropóloga e professora universitária), por ter sido líder feminina relevante em ações sociais sem ficar sombreada por seu marido. Conseguiu seu próprio espaço por sua capacidade e liderança”, conta.
No que diz respeito a política mundial, Margaret Thatcher e Malala são grandes inspirações para Adelaide.
“Na política mundial, eu gosto especialmente de Margaret Thatcher. Primeira mulher a ocupar a posição de primeira-ministra no Reino Unido (entre 1979 e 1990). Margaret tinha uma habilidade única de negociar, sendo mulher num mundo machista, teve que impor suas posições com dureza a ponto de ser chamada de dama de ferro (um jornalista soviético colocou o apelido e assim ela ficou conhecida no mundo todo). Depois, vem Malala (a menina paquistanesa símbolo da luta pelo acesso feminino à educação e ganhadora do Nobel da Paz), que me conquistou por sua resiliência. Jamais desistiu de lutar pelo que acreditava, e num ambiente absolutamente hostil”. afirma.
Apesar das mulheres serem minoria na política, Adelaide acredita que ainda há esperança e que há muitas inciativas de apoio à participação feminina na política.
“Política é sim coisa de mulher. Estamos em desvantagem, e não é só em número, em valores também, pois dados do TSE indicam que as mulheres têm metade do patrimônio dos candidatos homens. Num sistema que privilegia homens e dinheiro, o desafio é enorme. Mas há (sempre há) esperança: na ONU Mulher, por exemplo, há uma diretriz especifica sobre a garantia da participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública e adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis. No Brasil, muitas iniciativas de apoio à participação feminina na política. Seminários, associações, sites e ONGS lutam para que a gente ocupe esse espaço”. conta.
A candidata a deputada federal pelo Podemos ressalta a importância de se ocupar os espaços e construir um futuro melhor e com oportunidades para todos.
“É por isso, por esse espaço existir e precisar ser ocupado; pela vontade de mudar as coisas, de criar um futuro melhor e cheio de oportunidades é que estamos aqui, aceitando o desafio e encarando candidaturas, campanhas e mandatos. Mulheres, o Brasil precisa da gente”, finaliza Adelaide.
*Publicado por Jairo Rodrigues / Colunista de Contei