Comer é um dos prazeres da vida. Mas, muitas vezes, comer acaba se tornando um sofrimento. Fatores que vão desde os padrões sociais de beleza e saúde, até a busca por compensações psicoemocionais, passando pelos filtros da personalidade de cada pessoa influenciam nos processos que podem resultar em um distúrbio alimentar.
Entre os distúrbios, os mais comuns são transtornos de compulsão alimentar, anorexia nervosa e bulimia nervosa. Para entender um pouco mais sobre esse tema, conversamos com a psiquiatra Mayara Cezario, também graduada em nutrologia.
Jairo Rodrigues: Dra. É muito comum a gente ouvir alguém dizer que tem compulsão alimentar. Porque isso acontece?
Dra . Mayara: Isso ocorre, principalmente, por parte da população chamar de “compulsão” qualquer consumo de alimentos acima do desejado. Na verdade, o transtorno de compulsão alimentar é um transtorno com critérios específicos e não significa apenas “comer muito”. Pessoas ansiosas, por exemplo, podem recorrer a comida como uma estratégia de controle da ansiedade.
Jairo Rodrigues: Ou seja, isso não significa, necessariamente, que aquela pessoa tenha um transtorno alimentar, então?
Dra. Mayara: Exatamente, mas, de todo modo, sempre que for notada uma relação disfuncional com a alimentação é necessário buscar ajuda.
Jairo Rodrigues: Existe diferença entre distúrbio alimentar e transtorno alimentar?
Dra. Mayara: Algumas pessoas utilizam “distúrbio alimentar” para se referir aos transtornos alimentares, mas o termo médico adequado é transtorno alimentar.
Jairo Rodrigues: Dra. E como a depressão e a ansiedade estão ligadas ao distúrbio alimentar?
Dra Mayara: Não é incomum que os pacientes com transtorno alimentar tenham como comorbidade, depressão e/ou ansiedade, porém é possível ter algum transtorno alimentar sem estes diagnósticos.
Jairo Rodrigues: Falando agora sobre o tratamento. Como ele é feito?
Dra Mayara: É muito importante buscar atendimento de um médico psiquiatra em caso de suspeita de transtornos alimentares, ele irá realizar o diagnóstico adequado e instaurar o tratamento individualizado. O tratamento deve ser feito com equipe multidisciplinar, que irá envolver médicos, nutricionistas e psicólogos.
Vale lembrar que, se preocupar com a alimentação pode ser algo muito positivo e não caracterizar um transtorno. O transtorno está sempre associado ao prejuízo, ou seja, casos em que gera carência nutricional, prejuízo social e outros. É importante diferenciar o que é moda do que é doença.
*Publicado por Jairo Rodrigues
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