Natália Guedes fala sobre emoções vividas nos bastidores de “O Rastro”

Por Luca Moreira

Começando sua carreira aos sete anos de idade, hoje aos 17, Natália Guedes já foi muito longe em seu trabalho como atriz. Além de várias peças de teatro, participou de “Malhação: Casa Cheia”, vivendo a Tita entre 2013 e 2014, e nos estreou nos cinemas em 2012 com “E aí, comeu? ”, contracenando com Marcos Palmeira e Dira Paes.

Mais recentemente foi uma das protagonistas do filme de terror brasileiro “O Rastro”, dirigido por J.C. Feyer em 2017. No longa, Natália é Júlia de Souza, uma jovem paciente de um hospital público do Rio de Janeiro, que ao ser desativado, ela desparece misteriosamente do grupo de pacientes.

Poderia nos contar um pouco mais sobre seu início na carreira de atriz?

Tudo começou meio que por acaso. Quando eu tinha sete anos minha mãe queria fazer umas fotos minhas em estúdio e acabei sendo indicada para uma seleção para uma campanha publicitária da Eletrobrás. Foi uma experiência inesquecível. Sabe, aquele ambiente de estúdio: refletores, câmeras, centenas de fotos para escolher uma. Me encantei … foi amor à primeira vista! Passei a frequentar os cursos de formação de atores da Zaira Zambelli, onde ganhei uma boa base e vi como é gostoso estar no palco, divertindo e emocionando as pessoas na plateia. Anos depois participei de cursos no Tablado, que é uma das mais importantes escolas para formação de atores.

Em 2012, aos 8 anos, você teve sua primeira participação em um filme de longa-metragem (E aí, comeu?), onde era uma das filhas do casal interpretado pelo Marcos Palmeira e Dira Paes. Como foi estar ao lado de artistas tão consagrados pelo público

Minha personagem não tinha uma participação importante na trama do filme, mas “conhecer” como funciona a produção de um filme, foi incrível. É um “mundo” bem diferente do teatro, com uma dinâmica e encantos próprios. Fui muito bem recebida e tratada com carinho. Eu tentava prestar muita atenção em tudo para ver como a engrenagem do cinema funcionava … como os atores se preparavam para entrar em cena, o diretor, assistentes de produção, roteiristas, fotografia, maquiagem, etc. A produção de um filme requer muitos talentos “atrás das câmeras” e é um universo cheio de oportunidades.

Seu último filme nos cinemas foi “O Rastro”, uma história de terror do diretor J.C. Feyer. Fale um pouco mais sobre sua personagem, a Júlia de Souza.

Talvez tenha sido o maior desafio da minha vida. As seções de gravação eram longas, muitas delas à noite e durante a madrugada, e eu tinha que conciliar os horários com os compromissos na escola. Foi um projeto incrível, mas cansativo e tenso. Tive que trabalhar e me preparar muito emocionalmente para interpretar a personagem, e tive uma coach fantástica – A Lais Correa. Ela foi o meu anjo da guarda. Júlia era uma menina pobre, vinda de um orfanato e internada em um hospital público no Rio que havia sido fechado por falta de verbas. Logo no início do filme, na noite em que os pacientes seriam transferidos para outros hospitais, ela desapareceu, como se nunca tivesse existido. Ela havia sido sequestrada e morta, transformada em “doadora involuntária” por pessoas envolvidas na venda de órgãos. Só que o espírito dela voltou para aterrorizar os que se envolveram na morte dela. Em uma das cenas marcantes, gravada em uma madrugada, tive que deitar em uma mesa para defuntos em um necrotério real e até entrar em uma gaveta onde guardam corpos. Como disse, foi um projeto incrível e tive ao meu lado atores e atrizes incríveis (Rafael Cardoso, Leandra Leal, Cláudia Abreu, Felipe Camargo, Alice Wegmann e o mestre Jonas Bloch), e uma equipe técnica fantástica, divertida, com quem aprendi muito.

Apesar da pouca idade, você já possui uma extensa lista de trabalhos em várias modalidades. O que você prefere: teatro, televisão ou cinema?

O teatro é o começo de tudo: não dá para dizer “corta” e gravar a cena novamente. Errou no palco tem que improvisar e transformar o erro em oportunidade. Televisão é o encanto, é algo mágico … estar na “telinha”, circular por estúdios de gravação, ser reconhecida nas ruas é, sem dúvida, uma experiência muito legal. O cinema tem uma outra intensidade, envolve centenas de profissionais, com diversas especializações e oferece um número enorme de oportunidades de trabalho. É difícil comparar porque são mundos diferentes, com características próprias. O teatro forma a alma do ator, a TV pode criar popularidade. O cinema? Ouvir um diretor dizer “luz, câmera, silêncio no estúdio … gravando” é de arrepiar! “O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonhos” (Orson Welles).

Como foi viver a personagem Tita em “Malhação: Casa Cheia” na Rede Globo em 2013?

O máximo! A estrutura e a organização da emissora, a grandiosidade do PROJAC, a mistura de jovens com atores experientes, aquele entra e sai de artistas, diretores famosos e técnicos, fãs do lado de fora esperando às vezes um dia inteiro para tentar conseguir uma foto com o seu ídolo. Foram oito meses vivendo momentos que ficarão marcados para sempre no meu coração e na minha memória. Sou muito grata à vida por ter me dado essa oportunidade.

Em tempos de pandemia, onde muitos profissionais da área artística estão parados com seus projetos, quais são suas previsões para o futuro?

É muito difícil prever o futuro. Recentemente ouvi alguém dizer: “não existirá a volta da normalidade como conhecíamos … existirá uma nova normalidade”. Aos poucos ganharemos confiança, mas até lá precisamos sacudir a poeira e achar meios de investir nosso tempo e talentos em projetos e capacitação online. O roteiro de nossas vidas terá que ser reescrito!

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